Sunday, February 25, 2024

90 Anos!?...

 90 ANOS!?...

https://docs.google.com/document/d/1sZVeAzXTtleqEEbJaVEetkbnW_WzOkMynxpd9BbVas4/edit?usp=sharing

https://docs.google.com/document/d/1ICpBfycGSJ2wBXMvP_jJKxc5yCC0coukz1GUbkmBcGo/edit   Prólogo

Noventa anos de idade, não consigo ainda entender bem o que significa, além de estar velho, e de estar bem mais perto do fim do que do princípio…Desde que os tempos chegaram, tenho tentado diversas abordagens e seleções publicáveis do que já tenho escrito, mas ainda tenho dúvidas. Fui, e ainda sou mais conhecido como médico, mas se me estender como tal, vai ficar maçante para quem não estiver ligado à área da saúde/doença. De qualquer forma, sabe-se que para ser um bom médico, é preciso, antes de mais nada, ter uma vida bem vivida, como uma pessoa comum. Parece que posso me enquadrar também nessa categoria.

Usar a medicina como pêndulo pode ser uma boa, porque aflora desde logo a imagem e a memória de minha namorada - Valderês Antonietta Pisani Robinson, com a qual consegui viver quase setenta anos, e cuja história se mistura com a minha, sem que eu consiga muitas vezes distinguir o que era meu, e o que foi dela. Não tenho dúvidas de que minha escolha da profissão, no início da década de 50 teve minha paixão por ela como desencadeante. Essa história tenho contado por aí, e vou repeti-la mais adiante.

Outra característica que me pareceu útil adotar, é usar mais imagem junto ao texto, mesmo que seja mais complicado, vai ficar mais fácil de folhear e compreender. Para quem quiser mais texto, posso colocar junto às imagens um link onde isso pode ser acessado. Meu pai ficou conhecido como um sujeito com máquina fotográfica sempre a tiracolo, documentando tudo o que podia, e depois distribuindo as fotos. Ele curioso, como adolescente, quando ainda não havia serviços para processar negativos, e imprimir fotos, ele foi descobrindo os caminhos, as fórmulas, os produtos, construindo muitos de seus próprios equipamentos. Tenho dele, até negativos em vidro e cadernetas com as fórmulas mais variadas para revelação, fixação e outros procedimentos. Acho que o interesse pela fotografia foi nele anterior a formação de farmacêutico. Motivado pelo processamento de reativos para foto, passou a se interessar por medicamentos - no início do século XX, quase todos processados em laboratório profissional das farmácias. Na casa do pai dele, Antônio Mansur Achutti  (imigrante Libanês aqui chegado por volta de 1898),  montou uma câmara escura num quartinho, onde processava suas imagens. Contam que, enquanto um irmão, um ano mais velho que ele - meu padrinho - Tio Elias Achutti, ficava atrás do balcão na loja, ele se escondia no quartinho escuro para trabalhar suas fotos…

A imagem pode até falar por si mesma, e prescindir do texto. Meu pai escrevia muito pouco, suspeito que por julgar que as imagens já dizem quase tudo…No capítulo da Cirurgia Cardíaca pretendo colocar uma foto feita por ele, com um breve comentário escrito no verso.. 

Eu me criei embevecido com os milagres que ele fazia com os aparelhos dele: as imagens invertidas na máquina, e com cores que pareciam mais lindas do que na realidade, mesmo que depois de processadas ficassem preto e branco. O milagre da revelação, tanto de negativos como de impressão em papel, surgindo aos poucos como resultado de um banho, em ambiente lúgubre, iluminado tenuamente com uma lâmpada vermelha. A ampliação, o foco, o flash de magnésio…isso tudo numa época em que as imagens além das reais, eram somente suplantadas pela imaginação…

Nosso primeiro filho, Professor Luiz Eduardo Robinson Achutti, Titular do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, não sei bem como, herdou tal fascínio pela imagem, tanto é que criou o conceito de Antropologia Visual a partir de sua tese de doutorado pela Universidade de Paris 7, em 2002. Tem vários livros publicados, pena que o avô não chegou a apreciar.

Para ir trocando o texto pela foto, vai aí uma das fotos tiradas pelo meu pai, exatamente no dia de meu nascimento (01/07/1934), no pátio da casa. Pelo jeito o trabalho de parto foi demorado, porque no meu registro consta que eu teria nascido às 18:30 h. No inverno já seria noite…O parto foi  assistido pela minha bisavó, Maria Luiza Link Cechella, parteira famosa em Santa Maria. 

Em 2021 tirei também uma foto de minha irmã frente ao pôster que lhe dei de presente no dia dos seus 80 anos. Consta que enquanto nossa mãe - Luiza Link Cechella Achutti - estava em trabalho de parto, meu pai levou minha irmã -, Dra. Maria Helena Cechella Achutti -i, para um corredor lateral, no pátio da casa onde nasci (rua Venâncio Aires próximo ao quartel do 7o. Regimento de Infantaria), com a recomendação de brincar quietinha, para não assustar a cegonha que deveria chegar a qualquer momento, trazendo uma/um irmã/irmãozinho (naquela época não tinha como se saber por antecedência se menino ou outra menina, mas fui eu que nasci…).

Minha irmã é farmacêutica (mesma profissão de nosso pai),  formada pela da única faculdade existente em SM na época. Foi Auxiliar de Ensino nos primórdios da Faculdade de Medicina de SM. Depois ela fez o seu doutorado em Botânica pela Universidade de São Paulo.

 

Foto, também de autoria de  meu pai, provavelmente  de 1936-37. Minha bisavó, Maria Luiza (ela tinha um volumoso bócio quando a conheci), comigo na sacada da casa que meu pai mandou construir num dos terrenos da Vila Beck, administrados pelo meu avô - Luiz Link Cechella - próximo ao casarão (Chalet) de madeira que fora da família Di Primio Beck, antes de se mudarem para Porto Alegre. Eu fui lá morar com seis meses (segundo consta em bilhete da minha mãe). 

Quando completei 80 anos, também fiz um poster a partir de outra foto, em que meu pai me pegou tentando galgar o muro da frente da casa nova, por ocasião de meu primeiro aniversário (?).

Tentando seguir na mesma linha de associações de memórias, parece-me oportuno mostrar outra imagem colhida por meu pai, registrando minha outra irmã próximo ao seu primeiro ano de vida, da qual também, com a ajuda de meu filho, fizemos um poster para comemorar também seus oitenta anos. Professora Lia Maria Cechella Achutti (*21/07/1928+19/11/2019). Artista, foi diretora do Instituto de Artes da Universidade Federal de Santa Maria, e teve papel importante no desenvolvimento das Escolinhas de Arte em nosso meio.

Fiquei me perguntando sobre o que teria a ver a história de minhas irmãs com histórias de médicos. Lembro que sou o mais novo da família, e me considero ter sido criado por três mães: além de Da. Luiza, minhas duas irmãs. Não somente pelo carinho mas também pelo aprendizado, fruto do convívio familiar. É importante contar aqui também o papel delas no início de meus estudos, em minha carreira profissional. Deram-me suporte financeiro para vir para Porto Alegre e me manter, porque só fui ter uma renda como funcionário público do Estado em 1955, quando já estava concluindo o terceiro ano da faculdade. Nosso pai era um artista e um curioso, mas sem os dotes de comerciante de nosso avô, que depois de imigrante, foi mascate, e, estabelecendo-se, progrediu com o desenvolvimento comercial de suas lojas.

No final de meu curso secundário (segundo científico) em 1951, faltando um ano para vir para me separar da família, tive a ventura, ou a esperteza, de encontrar minha quarta mãe, da qual me enamorei, e através de quem consegui meu primeiro emprego como Auxiliar no Serviço Médico da Guarda Civil, o que permitiu que eu aliviasse a carga financeira para minha família, e ao mesmo tempo me desse um status, com o qual pudesse pensar em noivar e casar…

Essa última história também precisa ser contada, mesmo que desenvolvida depois como um capítulo relacionado com minha experiência extracurricular como Guarda Civil. Então, minha namorada, além de se tornar minha quarta mãe, de me desviar da engenharia para para medicina, conseguiu meu primeiro emprego, e primeiro degrau para independência financeira.

Acho que é melhor contar logo como isso aconteceu. Um ano depois de mim,  minha namorada formou-se no curso científico e também veio para a capital. Entretanto, como na Escola Olavo Bilac recém haviam aberto o curso, teve muitas deficiências, e ela teve que fazer aqui, em 1954, o “cursinho pré-vestibular”,onde conheceu uma colega que a acompanhou em toda a faculdade, e se formou com ela, e com seu futuro marido, também Santamariense e que fora colega durante o científico. Eram Dra Rosvita Pierri Bersch e Dr. Paulo Genes Bersch (+). Elas estudavam juntas e Valderês quase sempre usava vestido de cor vermelha,por achar que lhe dava sorte. O pai da Dra. Rosvita era o Dr. Rodolfo Pierre, Delegado da Primeira Delegacia de Polícia de Porto Alegre,  a chamava de “a vermelhinha” por causa de seus trajes. Durante o primeiro ano da faculdade, Valderês contou para a amiga que pretendiamos  noivar, mas eu não tinha renda nem para comprar as alianças. Ela contou para o pai, que me deu um cartão de apresentação para o Diretor da Guarda Civil como potencial candidato. Mais, pretendo contar mais detalhes no capítulo específico.

Embora eu tenha conhecido minha namorada somente em 1951, em torno de seus vinte anos, as experiências de vida anteriores dela, devem ter sido determinantes de seu caráter e de sua personalidade, o que necessariamente deve ter influído em nosso convívio, e nossas histórias de vida.


Foto de 1932, em Novo Hamburgo.  Escolhida porque retrata 4 gerações, e próximo do primeiro ano de vida da mais nova, no colo de sua bisavó, mãe de sua avó  Claudina Lichtler Robinson, de pé à direita, e do outro lado, sua mãe Léa Pisani Robinson. Todas descendentes de imigrantes alemães e italianos, aqui chegados no século XIX.

Examinando a Certidão de Nascimento da Valderês, pode-se observar que embora tivesse sido a primeira filha, nascida no dia de Santo Antônio (13 de junho), motivo pelo qual lhe foi acrescentado o nome de Antonietta, seu registro só foi efetivado mais de um mês depois, em 17 de julho, e com data trocada para 13 de julho, segundo conatvam para não ter que pagar multa no cartório. Este pecadilho ingênuo de seu pai, lhe motivou inúmeras incomodações pelo resto da vida. Como veio a falecer no segundo dia depois de sua verdadeira data de nascimento, já com 90 anos, oficialmente não chegou a ser nonagenária.

Ela morou até 1938 em Caxias do Sul, onde nasceu. Depois, sua família migrou para Santa Catarina -  Rio do Sul, depois Tangará, onde permaneceram até 1949, embora desde 1942 ela tenha permanecido no internato da Escola Normal Santíssima Trindade, das Freiras Franciscanas em Cruz Alta. 

Pode ser interessante lembrar que mais ou menos pela mesma época, ou pouco depois, minha família também se transferiu de minha cidade natal para outra do interior do Estado, para Agudo, na época distrito de Cachoeira do Sul. Teria sido mera coincidência, ou fez parte de um período em que houve maior movimentação social interna no país?


(a seguir…)



Até aqui já fiquei com o compromisso de acrescentar capítulos sobre a

  • Vivências com minha família em Agudo

  • Valderês em Santa Catarina

  • Valderês no Internato em Cruz Alta

  • Nossa genealogia

  • Nossa família

  • Eu no Gymnásio Santa Maria

  • Curso na Faculdade de Medicina da URGS

  • Guarda Civil e seu Serviço Médico

  • Primeira Equipe de Cirurgia Cardíaca, 


(todos já têm textos escritos, faltando a inclusão das imagens, conforme a proposta??)


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